Um dos gargalos na construção de infraestruturas ópticas de Internet ultrarrápida é o alto valor de investimento necessário que inclui de engenharia de instalação à manutenção das redes. É por isso que as redes neutras vêm se consolidando como alternativa no Brasil.
Se as tecnologias 3G e 4G permitiram a transformação digital, especialmente no período de uma pandemia, em que as telecomunicações foram absolutamente necessárias para a continuidade das relações interpessoais e atividades laborais, a adoção e a expansão do 5G no Brasil vão inserir empresas e pessoas numa era definitivamente conectada.
Hoje, segundo a Anatel, 12 capitais brasileiras estão totalmente aptas a oferecer a Internet 5G à população, tanto sob a perspectiva tecnológica quanto jurídica. De acordo com informações da autarquia federal, divulgadas em outubro deste ano, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Natal, Palmas, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória, Aracaju e Boa Vista já atualizaram suas legislações locais para promover a nova Internet.
Especialmente na última década, a conectividade viabilizou o desenvolvimento de aplicações que se tornaram fundamentais no nosso dia a dia, como o Waze e o Uber, revolucionando paradigmas de mobilidade. Com menor latência e tempo de resposta reduzido a poucas unidades de milissegundo, a tecnologia 5G não só veio para otimizar operações que já acontecem no ambiente digital, a exemplo dos aplicativos que mencionamos acima, como para ampliar oportunidades de novos negócios.
Na prática, a frequência das ondas de 5G é mais alta enquanto o alcance é menor. Desta forma, a tecnologia 5G encurta distâncias no tráfego de dados, utilizando um número maior de células ou pontos de conexão. Ao contrário das gerações anteriores de conectividade (2G, 3G e 4G), as quais os dados são transportados por longas distâncias até os grandes centros de processamento, o 5G opera em uma infraestrutura descentralizada, com datacenters mais próximos dos dispositivos usuários, ou seja, a informação trafega pela borda da rede, conceito que conhecemos como edge computing.
Infraestrutura óptica mais robusta e capilar
Inúmeros setores serão beneficiados com aplicações baseadas em 5G, entre eles o segmento de dispositivos conectados (IoT), que favorecerá atividades na indústria, agronegócio, saúde, casas e cidades inteligentes e muito mais, com apoio de câmeras, sensores, eletrodomésticos e diversos outros equipamentos interligados, gerando e recebendo dados processados na borda com a ajuda de recursos que incluem Inteligência artificial e aprendizado de máquina.
Para se ter uma ideia desse potencial, a pesquisa “ISG Provider Lens Internet das coisas (IoT)”, desenvolvida recentemente pela TGT Consult, em parceria com a ABINC – Associação Brasileira de Internet das Coisas, aponta que há mais de 27 bilhões de dispositivos conectados no mundo conversando entre si. Já a FGV – Fundação Getúlio Vargas, avalia que o crescimento anual de cerca de 40% no setor de IoT vai levar esse mercado a uma movimentação de 11 trilhões de dólares até 2025. E precisamos estar preparados para usufruir de toda essa tecnologia.
O setor de carros autônomos, por exemplo, é um segmento em ascensão que deve abrir espaço para desenvolvimento de aplicativos que vão de gestão de combustível a mapas dinâmicos e alertas de trânsito, tudo em tempo real. Essas aplicações dependerão de conexões estáveis. Pois, imagine o perigo que seria um automóvel sem condutor trafegando em uma rua movimentada não receber a tempo informações sobre a abertura ou fechamento de faróis, anomalias no percurso ou interdição na pista? Qual seria a chance de ocorrer um acidente, como batida ou atropelamento?
Redes neutras são o caminho para o 5G
Fazer o 5G chegar ao maior número possível de usuários, especialmente num País de dimensões continentais como o Brasil, desafia provedores de internet a entregarem conectividade com alta capacidade de transmissão e estabilidade para suportar elevada carga de dispositivos conectados, em infraestruturas de fibra óptica robustas com capilaridade suficiente para integração a uma grande quantidade de estações de troca e processamento de dados.
Um dos gargalos na construção de infraestruturas ópticas de Internet ultrarrápida – estima-se que as operadoras precisarão de 5 a 10 vezes mais torres de conexão para oferta do 5G – é o alto valor de investimento necessário que inclui de engenharia de instalação à manutenção das redes. É por isso que as redes neutras vêm se consolidando como alternativa no Brasil, a exemplo do que já acontece de forma comum em diversos países pelo globo, sobretudo na Europa.
A rede neutra é um modelo de negócio baseado no compartilhamento de uma mesma infraestrutura por diferentes operadoras e provedores de serviços de telecomunicações, viabilizando negócios com maior custo x benefício para todo o ecossistema. Nesse modelo, o “dono” da estrutura concede a utilização da rede em forma de assinatura, propiciando uma oferta de serviços mais competitiva aos usuários finais e acelerando a inclusão digital.
Além de economicamente mais viável na expansão do 5G, a utilização de redes neutras atende a quesitos de sustentabilidade, hoje previstas nas métricas de ESG – Environmental, Social and Governance, ao reduzir a sobreposição de infraestruturas de rede, otimizando investimentos e preservando o meio ambiente com a racionalização do uso do espaço.
Fonte: O 5G, as redes neutras e o avanço dos negócios conectados (infranewstelecom.com.br)